quarta-feira, 31 de julho de 2013

Iansã - Eparrey Oya!!!!

Iansã



Iansã é um Orixá feminino muito famoso no Brasil, sendo figura das mais populares entre os mitos da Umbanda e do Candomblé em nossa terra e também na África, onde é predominantemente cultuada sob o nome de Oiá. É um dos Orixás do Candomblé que mais penetrou no sincretismo da Umbanda, talvez por ser o único que se relaciona, na liturgia mais tradicional africana, com os espíritos dos mortos (Eguns), que têm participação ativa na Umbanda, enquanto são afastados e pouco cultuados no Candomblé. Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura católica de Santa Bárbara. Iansã costuma ser saudada após os trovões, não pelo raio em si (propriedade de Xangô ao qual ela costuma ter acesso), mas principalmente porque Iansã é uma das mais apaixonadas amantes de Xangô, e o senhor da justiça não atingiria quem se lembrasse do nome da amada. Ao mesmo tempo, ela é a senhora do vento e, conseqüentemente, da tempestade.
Nas cerimônias da Umbanda e do Candomblé, Iansã, ela surge quando incorporada a seus filhos, como autêntica guerreira, brandindo sua espada, e ao mesmo tempo feliz. Ela sabe amar, e gosta de mostrar seu amor e sua alegria contagiantes da mesma forma desmedida com que exterioriza sua cólera.
Como a maior parte dos Orixás femininos cultuados inicialmente pelos iorubás, é a divindade de um rio conhecido internacionalmente como rio Níger, ou Oiá, pelos africanos, isso, porém, não deve ser confundido com um domínio sobre a água.
A figura de Iansã sempre guarda boa distância das outras personagens femininas centrais do panteão mitológico africano, se aproxima mais dos terrenos consagrados tradicionalmente ao homem, pois está presente tanto nos campos de batalha, onde se resolvem as grandes lutas, como nos caminhos cheios de risco e de aventura - enfim, está sempre longe do lar; Iansã não gosta dos afazeres domésticos.
É extremamente sensual, apaixona-se com freqüência e a multiplicidade de parceiros é uma constante na sua ação, raramente ao mesmo tempo, já que Iansã costuma ser íntegra em suas paixões; assim nada nela é medíocre, regular, discreto, suas zangas são terríveis, seus arrependimentos dramáticos, seus triunfos são decisivos em qualquer tema, e não quer saber de mais nada, não sendo dada a picuinhas, pequenas traições. É o Orixá do arrebatamento, da paixão.
Foi esposa de Ogum e, posteriormente, a mais importante esposa de Xangô. é irrequieta, autoritária, mas sensual, de temperamento muito forte, dominador e impetuoso. É dona dos movimentos (movimenta todos os Orixás), em algumas casas  é também dona do teto da casa, do Ilê.
Iansã é a Senhora dos Eguns (espíritos dos mortos), os quais controla com um rabo de cavalo chamado Eruexim - seu instrumento litúrgico durante as festas, uma chibata feita de rabo de um cavalo atado a um cabo de osso, madeira ou metal.
É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaiê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda também a falange dos Boiadeiros.
Duas lendas se formaram, a primeira é que Iansã não cortou completamente relação com o ex-esposo e tornou-se sua amante; a segunda lenda garante que Iansã e Ogum, tornaram-se inimigos irreconciliáveis depois da separação.
Iansã é a primeira divindade feminina a surgir nas cerimônias de cultos afro-brasileiros.
Deusa da espada do fogo, dona da paixão, da provocação e do ciúme. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria o desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase estou apaixonado, tem a presença e a regência de Iansã, que é o orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúme doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão propriamente dita. É a falta de medo das conseqüências de um ato impensado no campo amoroso. Iansã rege o amor forte, violento.


Características
CorCoral (amarelo)
Fio de ContasCoral (marrom, bordô, vermelho, amarelo)
ErvasCana do Brejo, Erva Prata, Espada de Iansã, Folha de Louro (não serve para banho), Erva de Santa Bárbara, Folha de Fogo, Colônia, Mitanlea, Folha da Canela, Peregum amarelo, Catinga de Mulata, Parietária, Para Raio (Catinga de mulata, Cordão de frade, Gerânio cor-de-rosa ou vermelho, Açucena, Folhas de Rosa Branca)
SímboloRaio (Eruexim -cabo de ferro ou cobre com um rabo de cavalo)
Pontos da NaturezaBambuzal
FloresAmarelas ou corais
EssênciasPatchouli
PedrasCoral, Cornalina, Rubi, Granada
MetalCobre
Saúde
PlanetaLua e Júpiter
Dia da SemanaQuarta-feira
ElementoFogo
ChacraFrontal e cardíaco
SaudaçãoEparrei Oiá
BebidaChampanhe
AnimaisCabra amarela, Coruja rajada
ComidasAcarajé (Ipetê, Bobó de Inhame)
Numero9
Data Comemorativa4 de dezembro
SincretismoSta. Bárbara, Joana d’arc.

Incompatibilidades

Rato, Abóbora.
QualidadesEgunitá, Onira, Balé, Oya Biniká, Seno, Abomi, Gunán, Bagán, Kodun, Maganbelle, Yapopo, Onisoni, Bagbure, Tope, Filiaba, Semi, Sinsirá, Sire, Oya Funán, Fure, Guere, Toningbe, Fakarebo, De, Min, Lario, Adagangbará.

Atribuições
Uma de suas atribuições é colher os seres fora-da-Lei e, com um de seus magnetismos, alterar todo o seu emocional, mental e consciência, para, só então, redirecioná-lo numa outra linha de evolução, que o aquietará e facilitará sua caminhada pela linha reta da evolução.



Um comentário:

  1. Sou escritor, autor do livro "Na Solidão do Outro" (Editora Letramento), e a Umbanda se mistura quase que desde o início do livro, narrado pelo personagem Frederico Zanon, que narra este trecho, é também o narrador de todo o livro, contando os seus sonhos e as consequências destes sonhos, onde neles ele se transformava no outro, vivendo, na pele do outro, uma parte da vida do outro, sendo o outro. E por consequência dos sonhos, ele se envolve com Baiana, uma mãe de santo, que teve o seu marido assassinado, Benedito do Rosário. Neste envolvimento com Baiana, um dia, Frederico, com a sua amiga Valéria e a namorada Vanderlúcia, eles vão a um ritual de Umbanda, e lá Frederico, que era ateu e cético, sai com novas impressões sobre a Umbanda, num ritual repleto de surpresas emocionantes, relatado no trecho abaixo. Quando escrevi este livro e toda uma sessão de Umbanda, eu ainda não frequentado nenhum centro. Mas a vida imita a arte...

    As mulheres começaram a entoar uma bela cantiga ao som dos atabaques.

    Eparrei Oya
    Eparrei Iansã

    Iansã orixá de Umbanda
    Rainha do nosso congá
    Saravá Iansã! Lá na aruanda, eparrei, eparrei,
    Iansã venceu demanda
    Iansã, saravou pai Xangô! No céu trovão roncou
    E lá na mata o leão bradou, Saravá Iansã! Saravá Xangô!

    Eparrei Oya
    Eparrei Iansã

    Oya é moça rica, ela é filha de Xangô!
    Oya é moça rica, ela é filha de Xangô!
    Iansã chegou na umbanda e o seu reino saravou

    Eparrei Oya
    Eparrei Iansã

    Iansã, Iansã
    Segura seu erei Iansã
    Oh Inasã, Oh Inasã
    Segura seu erei Iansã

    Todos batiam palmas enquanto as mulheres entoavam aquele cântico, e Valéria me explicou que aquela melodia era um dos Pontos de Iansã. Baiana entoava uma parte, que era acompanhada das mulheres cantoras. Depois daquele cântico vieram outros; as pessoas entravam em transe. Todos os cânticos eram dirigidos à Iansã, as letras eram mescladas com elementos da natureza, como a chuva, os rios, os ventos, os raios e trovões. Era bonito, e eu me envolvi com a beleza daqueles cânticos. A minha frieza calculista se descarregou naquela terra que se esfregava em meus pés.

    (Na Solidão do Outro, Mauro Brandão. Editora Letramento. Pags. 260, 261)

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