quinta-feira, 8 de agosto de 2013

COZINHA DE SANTO

CONHECIMENTOS SOBRE A COZINHA DE SANTO


A cozinha de santo nas Nações de Keto, Gêge, Angola, Nagô, Ioruba, Bantos, etc., inclusive no Omolocô quando puxado para uma das outras Nações, é bem diferente das cozinhas profanas, onde se prepara os alimentos do homem em geral.
Há uma série inteira de preceitos do ritual que se há que obedecer. Os utensílios não são iguais aos da cozinha comum. Por essa razão traçaremos um plano de organização, colocando em seqüência as coisas que precisam ser observadas para que tenhamos ORDEM e gozemos das simpatias e estima constante, de todos os ORIXÁS para os quais preparamos os alimentos, as OBRIGAÇÕES.
Via de regra, a Cozinha de Santo tem os seguintes petrechos, os seguintes utensílios:
  • MESA OU BANCA onde se colocam os fogareiros à carvão, se na casa não existe ou não tem FOGÃO DE LENHA. Como medida de precaução e até mesmo de maior higiene a mesa modesta, ou banca, deve ser forrada de folha de Flandres (ou folha de alumínio) que evitará seja a madeira queimada pela quentura dos fogareiros e/ou pelas brasas que escapam pela grelha; ela pode ser um pouco comprida para comportar, ao lado, um grande alguidar ou bacia, onde se procede a lavagem dos utensílios, panelas e louça.
  • Um FOGAREIRO (ou vários) conforme a necessidade, de ferro, para carvão vegetal. São facilmente encontrados em lojas de ferragens, principalmente nos bairros mais modestos.
  • PANELAS DE BARRO, vidradas ou simples, ou então de ferro. Nós preferimos as de barro, como nos tempos passados.
  • AS COLHERES são de pau, de variados tipos. RALOS para coco são de folha. URUPEMA (peneira) é de taquara e a encontramos em casas especializadas, o COADOR deve ser de folha.
  • MÁQUINA de moer carne. Atualmente já não se encontra PEDRA DE RALAR, DE MOER (mó) para triturar grãos e por esse motivo só pode ser resolvido com um moinho ou pilão (que já é difícil de encontrar). A escumadeira também é de folha.
  • O FOGAREIRO ou o FOGÃO DE LENHA não se abana para os dois lados, como na feitura de alimentos profanos; abana-se da Direita para a Esquerda, a princípio parece difícil, mas em pouco tempo acha-se o jeito.
Constituída ou organizada a Cozinha, vejamos agora a pessoa ou pessoas que nela vão trabalhar.
  • As IABÁS ou IABASSÊS, as cozinheiras do Santo, trabalham paramentadas, vestidas no Ritual. Colocam ao pescoço a Guia ou Guias do Orixá cujo alimento está sendo preparado ou as guias de seus Orixás.
Se tem-se recursos maiores, procura-se Ter um depósito ou numa dispensa o material ou ingredientes mais usados para se poder atender rapidamente, ao pedido ou ordem superior, referente à qualquer obrigação.
Nos depósitos da cozinha de Santo, não devem faltar os seguintes artigos ou gêneros mais aplicados na alimentação ou nas obrigações:
Azeite de dendê.
Azeite de Oliveira (azeite doce)
Arroz quebradinho
Canjica
Canjiquinha de milho vermelho
Cebolas
Farinha de mandioca, farinha de guerra, farinha de pau.
Feijão fradinho, feijão miúdo
Feijão branco
Feijão vermelho
Fubá de milho vermelho
Fubá de milho branco
Fubá de Arroz
Maisena
Milho alho – para pipocas
Noz moscada
Ori
Pimenta malagueta
Velas
Antes de começar o trabalho de cozinhar para o santo, a IABÁ, ou filha de fé, ou filha de santo, acende uma vela ao seu ELEDÁ, próximo ou ao lado do local onde vai executar o dito trabalho e ao lado da vela, um copo d’água. Se o trabalho se alongar e a vela terminar, antes que isso aconteça, acende-se outra sobre o toco que está terminando, uma outra e ao terminar o trabalho, retira-se a vela e o copo d’água de perto do fogão ou fogareiro, colocando-a no PEJI ou em lugar alto para terminar, terminada a vela, despacha-se a água em lugar que haja água corrente, no lavatório, no tanque.
Após o serviço, as brasas dos fogareiros são apagadas com areia, nunca com água.
Organizada a cozinha, poderemos a qualquer momento, preparar a iguarias originariamente destinadas aos Orixás tal qual são realizadas na fonte doutrinária da Umbanda e do Candomblé.
A história da alimentação dá-nos uma coleção do que faz mal e uma variada coletânea folclórica:
  • Não se come despido ou sem camisa, é ofensa ao Anjo da Guarda
  • Comer com chapéu na cabeça é comer acompanhado de forças negativas.
  • Não se come com o prato na mão; a miséria fareja.
  • Não se come as pontas dos animais ou aves; são Axés (pertencem ) ao santo.
  • Dinheiro sobre a mesa de refeições provoca miséria.
  • Quando cai comida no chão ou escapa do talher e vai ao solo é sinal de que existe parente passando necessidade.
  • Não se apanha alimento que cai ao chão. É das almas.
  • Recebe-se o prato com a mão direita; é benção do prato cheio (C. Cascudo)
  • Pão não se joga fora; é corpo de Deus.
  • Donzela não serve sal, não corta galinha, nem passa palitos; custa a casar. (C. Cascudo)
Relativamente à cozinheira, prescrevem:
  • Não se mexe alimentos que estão cozinhando, no sentido da mão esquerda, senão desanda ou encrua.
  • Não se mexe comida de Exu com a mão direita, para não absorver fluídos negativos.
  • Antes de começar a cozinhar para o santo, faz-se o sinal da cruz, tudo correrá bem.
  • Não bata com a tampa da panela quando estiver cozinhando, afugenta a proteção.
  • Quando a comida não quer amolecer, coloca-se na panela, três caroços de milho, amolece rápido.
  • Não deve cozinhar para o santo: os homens de corpo sujo e as mulheres de corpo aberto; Corta o efeito das obrigações.
  • Há uma porção de determinações referentes ao ritual de Umbanda e do Candomblé, assim:
  • Não se cortam aves ou bichos de quatro pés a não ser nas juntas. O santo recusa.
  • Obrigação mal feita ou mal arriada, paga-se em dobro.
  • Quando se arreia uma obrigação na encruzilhada, não se volta, nem se passa pelo mesmo caminho durante 24 horas, para não pegar os miasmas de retorno.
  • Antes de se sacrificar um animal (quando necessário) nos terreiros, manda-se limpá-lo, passar então o Otí correspondente, sem isso o santo não aceita. Tem que ungir, defumar. O animal tem de estar completamente limpo.
  • O Sacrifício de aves e/ou animais só são aplicados em último recurso, pois que atualmente procura-se fazer Imantações com base em Frutos e/ou Pedras preciosas dos diversos Orixás; que será assunto de uma futura pesquisa.


Bibliografia:
COZINHA DE SANTO
João Sebastião das Chagas Varella.

Ko si ewè Ko si orìsà...

Sete ervas que não podem faltar na sua vida






Alecrim:
Ligada ao Sol, estimula a alegria, a coragem e a auto-estima.
Use-a como tempero ou essência aromática, em banhos ou em chás








Melissa:
Erva da Lua, é indicada para o equilíbrio emocional
e para combater insônia, depressão e crises nervosas.
Use-a em chás ou no vinho.

Manjericão:
Plante do Sol e de Vênus,
traz tranqüilidade para as pessoas nervosas,
agressivas e agitadas.
Use-a em chás, no vinho ou como tempero.
Calêndula:
Tem a energia do Sol. Usada como chá ou tempero (pétalas),
combate mágoas e frustações, estimulando o perdão.
Sua pomada tem propriedades antiinflamatórias e cicatrizantes.



Menta:
Erva de Mercúrio, estimula o raciocínio,
a memória e a capacidade de aprender.
Use-a em chás ou misturada em suco de frutas, como tempero ou no vinho.
Artemísia:
Com a energia da Lua, estimula o lado feminino/yin,
a sensibilidade e a intuição.
Ótima reguladora do ciclo mestrual.
Sálvia:
Ligada a Júpiter, espanta a preguiça e a má vontade,
fortalecendo os ideais e o desejo de viver.
Use-a em chás e no vinho.

Como fazer vinho:
Coloque um punhado da erva fresca na garrafa e deixe-a descansar deitada em local escuro por 8 dias.
Se usar a planta desidratada, deixe descansar 12 dias.
Como fazer chá:
Deixe a água ferver, jogue a erva e espere a fervura levantar novamente.
Desligue o fogo, tampe a panela e deixe o chá descansar por 20 minutos.



terça-feira, 6 de agosto de 2013

ERVAS NA UMBANDA


Sem Erva não tem Axé.  Está aí a regra número um nos cultos de origem afro.

Se a mata possui uma alma além do mistério esta é a folha, que a mantém viva pela respiração, que a caracteriza pela cor e aparência, que sombreia seu solo permitindo, através do frescor, a propensão à semeadura.
“Kosi ewe, kosi Orisa”, diz um velho provérbio nagô: "sem folha não há Orixá", que pode ser traduzida por "não se pode cultuar orixás sem usar as folhas", define bem o papel das plantas nos ritos.
O termo folha (ewe) tem aqui um duplo sentido, o literal, que se refere àquela parte dos vegetais que todos nós conhecemos, e o figurado, que se refere aos mistérios e encantamentos mais íntimos dos Orixás.
Mas o que isto tem a ver com o Orixá? É que o culto aos deuses nagôs se ergue a partir de três ewes: o conhecimento, o trabalho e o prazer, um amálgama de concentração e descontração passível apenas de ser vivido, jamais de ser entendido em sua largueza e profundidade.
O ewe do conhecimento é aquele que manipula os vegetais, conhece suas propriedades e as reações que produzem quando se juntam, é também aquele que conhece os encantamentos, sem os quais as energias, para além da química, não se desprendem dos vegetais.
O ewe do trabalho é aquele que, na disciplina e aparente banalidade do cotidiano da comunidade de terreiro, vai "catando as folhas" lançadas aqui e ali, pela observação silenciosa e astuciosa, com as quais vai construindo seu próprio conhecimento; sem o mínimo de "folhas" necessárias não se caminha sozinho. Só se dá "folha" a quem é digno e sabe guardar, a quem trabalha, a quem é presente. Só cata "folha" quem tem a sagacidade de entender a linguagem dos olhares.
O ewe do prazer é aquele que produz boa comida, boa conversa, boa música e boa dança, todas quatro povoadas de folhas e "folhas" para quem tem olhos de ver. O Orixá só vive se for alimentado, só agradece pela comunhão, só se mostra pela dança, só se apresenta pela alegria da música e só fala por ewe. Sem ewe não se entende os Orixás.

NÃO EXISTE ORISÁ SEM FORÇA DA NATUREZA.

Falar das folhas no culto afro-brasileiro é muito complexo, pois nas diversas nações que existem dentro do culto, as folhas recebem nomes e funções diferentes.
As folhas de determinado orixá entram também no culto de outro, pois existem combinações de folhas de um orixá para o outro.
A nomenclatura das folhas, tanto em português quanto em yorubá, varia muito, mas vamos destacar os nomes mais populares.
Os pajés utilizavam ervas medicinais e rezas para afastar maus espíritos, esta prática tornou-se cada vez mais usual, porém com o aumento da população, os Portugueses começaram a enviar mais missionários e médicos para interromper estas práticas, e a população começou a procurar os pajés em menor freqüência e as escondidas.
Muitas mulheres desta época se interessaram pelas ervas medicinais que os pajés utilizavam, e por não conhecer as rezas que eles faziam misturavam rezas de santos Católicos com estas ervas criando-se assim as famosas rezadeiras e curandeiras do Brasil. Por isso que a influência indígena é tão forte na Umbanda, com seus Caboclos, entidades representantes destes índios que aqui estavam quando os colonizadores chegaram.

Existem diversas folhas com diversas finalidades e combinações, nomes e considerações dos nomes, fato que muito impressiona a quem as manipulam dentro de Axé. Temos que ter muita consciência de como usá-las para que não sejamos pegos de surpresa por energias que são invocadas quando a maceramos, quando colocamos o sumo da Erva em contato com nosso corpo,  quando a colhemos. Porém folha é para trazer energias boas e positivadas, tirar energias ruins e maléficas em muitos casos, trazer resposta de algo se é necessário para o individuo que a usa.

As plantas são usadas para lavar e sacralizar os objetos rituais, para purificar a cabeça e o corpo dos sacerdotes nas etapas iniciáticas, para curar as doenças e afastar males de todas as origens. Mas a folha ritual não é simplesmente a que está na natureza, mas aquela que sofre o poder transformador operado pela intervenção de Ossãe, cujas rezas e encantamentos proferidos pelo devoto propiciam a liberação do axé nelas contido. Há algumas décadas a floresta fazia parte do cenário e as folhas estavam todas disponíveis para colheita e sacralização. Com a urbanização, o mato rareou nas cidades, obrigando os devotos a manter pequenos jardins e hortas para o cultivo das ervas sagradas ou então se deslocar para sítios afastados, onde as plantas podem crescer livremente. Com o passar do tempo, novas especializações foram surgindo no âmbito da religião e hoje as plantas rituais podem ser adquiridas em feiras comuns de abastecimento e nos estabelecimentos que comercializam material de culto. Exemplo maior, no Mercadão de Madureira, no subúrbio do Rio de Janeiro, pródigo na oferta de objetos rituais, vestimentas e ingredientes para o culto dos orixás, mais de vinte estabelecimentos vendem, exclusivamente, toda e qualquer folha necessária aos ritos. Bem longe da natureza.

O elemento vegetal é muito importante para a manutenção e equilíbrio dos seres vivos. Através de processos variados os vegetais retiram o Prana da natureza, seja através do Sol, da Lua, dos planetas, da terra, da água, etc. São, portanto, grandes reservas de éter vital e que através dos tempos, o ser humano, descobriu estas propriedades. Usamos os vegetais, desde a alimentação até a magia, sempre transformando a energia vital, através de processos e rituais.

PATACURI OGUM IÊ MEU PAI

Ogum




Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos. É sincretizado com São Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.
A relação de Ogum com os militares tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo ioruba. Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados), Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas (as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após ter sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.
É orixá das contendas, deus da guerra. Seu nome, traduzido para o português, significa luta, batalha, briga. É filho de Iemanjá e irmão mais velho de Exu e Oxossi. Por este último nutre um enorme sentimento, um amor de irmão verdadeiro, na verdade foi Ogum quem deu as armas de caça à Oxossi. O sangue que corre no nosso corpo é regido por Ogum. Considerado como um orixá impiedoso e cruel, temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos, ele até pode passar esta imagem, mas também sabe ser dócil e amável. É a vida em sua plenitude.
A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem aceita a rejeição. Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.
Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados.
Não se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a independência a ele garantida nessa função pelo próprio pai, mas sim pela luta.
Ogum, portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamente exercer (executar) a justiça ditada por Xangô. É muito mais paixão do que razão: aos amigos, tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável, a sanha destruidora mais forte.
Ogum é o deus do ferro, a divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta. Assim seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, militares, soldados, ferreiros, trabalhadores, agricultores e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões e maquinistas de trem. É, por extensão o Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. Do conhecimento da guerra para o da prática: tal conexão continua válida para nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é particularmente notável na industria automobilística, de computação e da aviação.
Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; é também aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido.
É pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão.
É fácil, nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido, longe de sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senão para os dois deuses que efetivamente o defendiam: Exu (a magia) e Ogum (a guerra); Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar em qualquer luta, Ogum é o representante no panteão africano não só do conquistador mas também do trabalhador manual, do operário que transforma a matéria-prima em produto acabado: ele é a própria apologia do ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem modificadas .
É o dono do Obé (faca) por isso nas oferendas rituais vem logo após Exú porque sem as facas que lhe pertencem não seriam possíveis os sacrifícios. Ogum é o dono das estradas de ferro e dos caminhos. Protege também as portas de entrada das casas e templos (Um símbolo de Ogum sempre visível é o màrìwò (mariô) - folhas do dendezeiro (igi öpë) desfiadas, que são colocadas sobre as portas das casas de candomblé como símbolo de sua proteção).
Ogum também é considerado o Senhor dos caminhos. Ele protege as pessoas em locais perigosos, dominando a rua com o auxílio de Exú. Se Exú é dono das encruzilhadas, assumindo a responsabilidade do tráfego, de determinar o que pode  e o que não pode passar, Ogum é o dono dos caminhos em si, das ligações que se estabelecem entre os diferentes locais.
Uma frase muito dita no Candomblé, e que agrada muito Ogum, é a seguinte: “Bi omodé bá da ilè, Kí o má se da Ògún”. (Uma pessoa pode trair tudo na Terra Só não deve trair Ogum).
Ogum foi casado com IANSÃ que o abandonou para seguir XANGÔ. Casou-se também com OXUM, mas vive só, batalhando pelas estradas e abrindo caminhos.

 

Características

CorVermelha (Azul Rei) (Em algumas casas também o verde)
Fio de ContasContas e Firmas Vermelhas Leitosas
ErvasPeregum(verde), São Gonçalinho, Quitoco, Mariô, Lança de Ogum, Coroa de Ogum, Espada de Ogum, Canela de Macaco, Erva Grossa, Parietária, Nutamba, Alfavaquinha, Bredo, Cipó Chumbo.(Em algumas casas: Aroeira, Pata de Vaca, Carqueja, Losna, Comigo Ninguém Pode, Folhas de Romã, Flecha de Ogum, Cinco Folhas, Macaé, Folhas de Jurubeba)
SímboloEspada. (Também, em algumas casas: ferramentas, ferradura, lança e escudo)
Pontos da NaturezaEstradas e Caminhos (Estradas de Ferro). O Meio da encruzilhada pertence a Ogum.
FloresCrista de Galo, cravos  e palmas vermelhas.
EssênciasVioleta
PedrasGranada, Rubi, Sardio. (Em algumas casas: Lápis-Lazúli, Topázio Azul)
MetalFerro (Aço e Manganês).
SaúdeCoração e Glândulas Endócrinas
PlanetaMarte
Dia da SemanaTerça-Feira
ElementoFogo
ChakraUmbilical
SaudaçãoOgum Iê
BebidaCerveja Branca
AnimaisCachorro, galo vermelho
ComidasCará, feijão mulatinho com camarão e dendê. Manga Espada
Numero2
Data Comemorativa23 de Abril (13 de Junho)
SincretismoSão Jorge. (Santo Antônio na Bahia)
Incompatibilidades:Quiabo
QualidadesTisalê, Xoroquê, Ogunjá, Onirê, Alagbede, Omini, Wari, Erotondo, Akoro Onigbe.

Atribuições
Todo Ogum é aplicador natural da Lei e todos agem com a mesma inflexibilidade, rigidez e firmeza, pois não se permitem uma conduta alternativa.
Onde estiver um Ogum, lá estarão os olhos da Lei, mesmo que seja um "caboclo" de Ogum, avesso às condutas liberais dos freqüentadores das tendas de Umbanda, sempre atento ao desenrolar dos trabalhos realizados, tanto pelos médiuns quanto pelos espíritos incorporadores.
Dizemos que Ogum é, em si mesmo, os atentos olhos da Lei, sempre vigilante, marcial e pronto para agir onde lhe for ordenado.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

ABENÇOADO COCO..AXÉ


A Umbanda faz uso deste magnífico fruto em beneficio de todos, o coco está sempre presente, seja verde, seco, água, polpa, casca, inteiro ou ralado. As entidades fazem uso constantemente, por exemplo, cabloco (a), baiano (a), preto (a), beijadas, entre outros. Também pode ser encontrado em oferendas, banho, amaci, cozinha ritualística e outros. Em diversos rituais podemos encontrar o coco, segundo a mitologia africana, Obatalá colocou aos pés de cada Orixá um coco partido, por isso, todos eles têm o direito ao coco.Ele também é um facilitador na atuação dos campos de força e a água e considerada sangue vegetal branco na religião. Para o religioso realizar algo, precisa de axé, que é obtido através da prática ritual que ritualiza a força do tempo essencial.
 Usamos o fruto coco no sagrado, mas também fazemos uso no profano, então vale lembrar que os integrantes das religiões da natureza tem obrigação de preservá-la, para cada 250ml de água de coco verde, 1k de lixo é gerado, com esse resíduo sólido valorizado podemos fazer diversos produtos, tais como, placas, vasos, vasos de parede, materiais de decoração, linha pet, coberturas (mulch), fixação de orquídeas e bromélias, é o único produto natural para jardins verticais. Com a total reciclagem do coco eliminamos o uso do xaxim que após anos de extrativismo vem desaparecendo de nossa mata atlântica, priorize as decorações da reciclagem do coco. Quando colocar oferendas em campo santo use somente o biodegradável.
            O nome cientifico do coqueiro é cocos nucífera, ela é uma planta perene. E está árvore é considerada uma das mais importantes economicamente no mundo, pois ela movimenta e gera um grande número de empregos e renda, em noventa países. A água do coco é quase idêntica ao plasma do sangue e é conhecida por ter sido usada como um líquido endovenoso de hidratação quando há uma falta de líquido próprio para transfusão de sangue. A água do coco tem teores elevados de potássiocloreto e cálcio, e é indicada nas situações em que se pretende o aumento destes eletrólitos.

Linha dos Baianos.

A Linha de Ação e Trabalho dos BaianosPDFImprimirE-mail
Escrito por Mãe Lurdes de Campos Vieira   


"...Se um espírito missionário iniciou a corrente dos “baianos” é porque na Terra ele havia sido um Babalorixá baiano e continuou a sê-lo no plano espiritual. Ele havia sido um baiano cultuador dos orixás e continuou a sua missão em espírito, iniciando um dos mistérios da religião umbandista, pois só um mistério agrega sob sua égide e sua irradiação, tantos espíritos, com muitos deles só plasmando uma vestimenta baiana e um modo de comunicação peculiar...

São espíritos alegres, brincalhões, descontraídos ... São muito conselheiros, orientadores, aguerridos e chegados à macumba (dança ritual), durante a qual trabalham, enquanto giram com seus passos próprios”. (Rubens Saraceni – Umbanda Sagrada – Madras Ed.)
O arquétipo adotado para a linha de ação e trabalho dos baianos da Umbanda é o culto aos antepassados ou a Egungun, aos tradicionais pais e mães de santo da Bahia, embora manifestem-se pais e mães de santo de todos os recantos do país. Esse arquétipo, segundo Pai Rubens Saraceni, foi criado justamente a partir daqueles que melhor sustentaram e popularizaram o culto aos Orixás no Brasil, ou seja, a figura alegre, curiosa, intrometida e extrovertida dos sacerdotes dos Orixás, com suas rezas, magias, quizilas, feitiços etc. e dos mestres e rezadores nordestinos.
“A Linha dos Baianos é essa linha: a dos heróis anônimos que sustentaram o culto aos Orixás e os semearam primeiro em solo baiano, e posteriormente no resto do Brasil e, com  a Umbanda organizada, os levarão ao mundo”. (Rubens Saraceni – Os Arquétipos da Umbanda – Madras Ed.)

A gira dos baianos é sempre muito animada e essas entidades têm sempre respostas certeiras e rápidas para as nossas questões, para sabermos lidar com as adversidades diárias, com alegria e descontração.

Os baianos e baianas apreciam as festas, com suas comidas e bebidas típicas. São chegados à dança ritual, durante a qual trabalham, enquanto giram com seus passos e danças próprios.

VAQUEIRO SOLITÁRIO


Ê, boiadeiro
Ê, boiadeiro
.
Ele é caboclo, ele é guerreiro
Laçador de gado brabo
Quando chega no terreiro
Ali faz o seu reinado 
.
Vaqueiro lá do sertão 
Trabalha de noite e dia
Chapéu de couro na mão
É o rei da valentia
.
Com o seu berrante de lado
Vai o valente vaqueiro 
.
Ê, boiadeiro
Ê, boiadeiro
.
Pela estrada onde ele anda
Lá pra banda do sertão
Seu laço vence demanda
Seu chapéu, a solidão
Em cima de seu cavalo, 
vai tocando sua boiada, 
Seu berrante é forte brado 
Rompendo a madrugada
.
Quem é o vaqueiro cismado? 
Ele é seu boiadeiro
.
Ê, boiadeiro
Ê, boiadeiro